Azul entra em recuperação judicial nos EUA com plano pré-acordado e aporte bilionário

Confirmando rumores de mercado das últimas semanas, a Azul Linhas Aéreas (AZUL4) anunciou formalmente nesta quarta-feira (28) seu pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o Chapter 11. Apesar do caminho comum a outras empresas aéreas em dificuldades, a companhia brasileira defende que seu caso é “diferente de qualquer outra reestruturação de companhias aéreas da região” – a América Latina.

O Diferencial: Estrutura Pré-Acordada

A Azul enfatiza que não entra no processo às cegas. A grande diferença, segundo seu comunicado ao mercado, é a existência de acordos já firmados com uma série de parceiros financeiros antes mesmo do pedido judicial. Esse processo é caracterizado como uma reestruturação pré-acordada.

A Âncora Financeira: US$ 1,6 bilhão em Financiamento DIP

O pilar central do plano é um compromisso de financiamento DIP (Debtor-in-Possession) de aproximadamente US$ 1,6 bilhão. Esse tipo de crédito é específico para empresas em recuperação judicial e visa fornecer o capital necessário para manter as operações funcionando e atingir os objetivos da reestruturação. Para a Azul, o foco é claro: reduzir significativamente sua dívida e melhorar sua estrutura financeira de forma sustentável.

Destino dos Recursos: Pagar Dívidas e Reforçar Caixa

A companhia detalhou que o financiamento DIP servirá para dois propósitos principais:

  1. Pagar parte da dívida existente.

  2. Fornecer aproximadamente US$ 670 milhões em capital novo, destinados a reforçar a liquidez da empresa durante e após o processo de recuperação judicial.

Saída do Chapter 11: Ofertas de Direitos e Aporte de Companhias Aéreas Americanas

A Azul já traça o caminho para sair do Chapter 11. Segundo o plano:

  • Ao final da reestruturação, o financiamento DIP será quitado com recursos provenientes de uma Oferta de Direitos de Ações de até US$ 650 milhões.

  • Essa oferta terá o apoio de alguns dos parceiros financeiros já envolvidos no DIP.

  • Adicionalmente, está previsto um investimento em equity (capital próprio) de até US$ 300 milhões, realizado em conjunto pela United Airlines e pela American Airlines, sujeito ao cumprimento de certas condições.

Expectativa de Agilidade

A empresa afirma ter entrado no processo com um plano claro e estruturado. Fontes próximas ao assunto indicam que, devido a essa preparação prévia e aos acordos já estabelecidos, a expectativa é de que o processo não se prolongue, podendo ser concluído em cerca de um ano.

ENTENDA

  • Chapter 11: É o capítulo da lei de falências dos EUA que permite a uma empresa se reorganizar financeiramente sob proteção judicial, mantendo suas operações.

  • Financiamento DIP: Crédito prioritário concedido a empresas em recuperação judicial para garantir sua operação durante o processo.

O Pano de Fundo: Sequelas Persistentes

O anúncio da Azul ocorre em um contexto onde, embora os dias de completo isolamento social e o pico da pandemia de Covid-19 tenham ficado para trás, as companhias aéreas globais ainda enfrentam as duras sequelas financeiras deixadas pela crise sanitária. A alta alavancagem adquirida para sobreviver ao período crítico continua a pressionar os balanços de diversas empresas do setor, incluindo a Azul.

Agora, com o Chapter 11 acionado e um plano de reestruturação pré-acordado e bilionário em mãos, a Azul busca uma nova decolagem financeira, apostando na agilidade do processo e no apoio de grandes players internacionais para superar este desafio. O mercado aguarda os próximos capítulos dessa reestruturação.